
A investigação sobre os ataques às instituições democráticas e o chamado “gabinete do ódio” trouxe à tona uma série de mensagens encontradas no celular de Jair Bolsonaro, revelando um panorama de bastidores da política brasileira. Longe dos discursos públicos, os diálogos privados expõem uma trama complexa de tensões internas, conspirações e uma profunda desconfiança em relação aos poderes da República. O teor dessas conversas oferece uma visão mais íntima e, por vezes, conturbada das relações políticas e familiares do ex-presidente, além de lançar luz sobre as estratégias adotadas por seu círculo mais próximo.
Um dos pontos mais comentados das mensagens é a troca de farpas entre Jair Bolsonaro e seu filho Carlos. Os diálogos, cheios de irritação e discordância, mostram Carlos insatisfeito com a atuação do pai e com a condução de certas estratégias políticas. A relação, que sempre foi publicamente apresentada como uma parceria inabalável, revela-se, em privado, como um espaço de tensões e desentendimentos sobre os rumos do governo. A revelação dessas desavenças internas entre pai e filho traz um novo elemento para a compreensão da dinâmica de poder na cúpula do governo anterior.
Além dos conflitos familiares, as mensagens revelam o teor das conversas de Bolsonaro com outros aliados. Um dos momentos mais notáveis é uma mensagem enviada a Donald Trump. Nela, Bolsonaro expressa sua gratidão ao ex-presidente americano, manifestando respeito e lealdade. O gesto, embora privado, reforça a aliança ideológica e a admiração mútua entre os dois líderes, que sempre buscaram alinhar suas pautas e discursos, especialmente no âmbito do conservadorismo e do nacionalismo.
O conteúdo das mensagens, no entanto, vai muito além de relações pessoais. Ele traz à tona discussões sobre uma suposta conspiração para atacar as instituições brasileiras, em especial o Supremo Tribunal Federal e o sistema eleitoral. Os diálogos mostram um ambiente de desconfiança e planejamento de ações contra o que viam como inimigos políticos. Há menções a “operações de guerra” e a necessidade de tomar providências drásticas contra o que consideravam uma perseguição. Essas conversas, agora tornadas públicas, servem como evidência para as investigações em curso, que buscam entender a extensão e a coordenação desses ataques.