Cúpula de jovens líderes da amazônia legal: propostas para a COP 30 e o futuro da região

I Cúpula de Jovens Líderes da Amazônia Legal foi aberta na quinta-feira (2 de outubro) no Hotel Beira Rio, em Belém, reunindo 27 representantes dos nove estados que compõem a Amazônia Legal. O encontro tem como foco a discussão dos principais desafios ambientais, sociais e culturais da região.

Organizado pelo Instituto Cojovem (Cooperação da Juventude Amazônida para o Desenvolvimento Sustentável), o evento se estende até 6 de outubro e acontece em um momento estratégico: às vésperas da COP 30, a Conferência Climática das Nações Unidas, que será sediada pela capital paraense em 2025.

Protagonismo juvenil na formulação de políticas

A Cúpula de cinco dias tem como objetivo central assegurar o protagonismo das juventudes amazônidas na formulação de propostas e políticas públicas. A programação inclui painéis, oficinas e plenárias que culminarão em três documentos principais:

A Agenda Comum de Políticas Públicas, Projetos e Programas para as Juventudes Brasileiras.
A Declaração Unificada dos Jovens Líderes da Amazônia Legal.
Policy Briefs com propostas técnicas a serem encaminhadas aos negociadores do governo brasileiro.

Para Karla Braga, diretora-executiva da Cojovem, o evento visa inserir a juventude nos espaços de decisão. “Estamos construindo uma agenda voltada para a juventude amazônida nos eixos da transição justa, mitigação climática e cultura. Queremos fortalecer as bases para que os tomadores de decisão mudem suas formas de desenvolver a Amazônia, envolvendo os jovens que são os mais impactados pela crise climática ao longo do tempo”, destacou.

A diversidade de vozes e a força dos territórios tradicionais são pontos chave. Tel Guajajara, liderança indígena do Maranhão, de 25 anos, ressaltou a importância do encontro como espaço de pertencimento: “Essa é uma oportunidade coletiva de trocar vivências e construir caminhos em conjunto. A juventude amazônica enfrenta muitas adversidades, e espaços como esse garantem não só voz e protagonismo, mas também direitos e presença em locais de onde normalmente estamos distantes.”

Aldrin Barros, coordenador de Advocacy da Cojovem, reforçou o caráter histórico do evento: “Durante uma semana de imersão, os jovens construirão diretrizes para projetos e programas voltados à juventude nos estados amazônicos. Essas diretrizes visam orientar e promover a efetividade das políticas públicas na região.”

Temas em debate e o caminho para a COP 30

Os debates nos próximos dias abordam temas cruciais como o financiamento de cadeias produtivas sustentáveis, o papel das tecnologias e da inovação, e a integração entre justiça climática e justiça social.

Ao final, os participantes consolidarão as propostas discutidas, etapa decisiva para a redação final dos documentos que serão entregues a autoridades nacionais e internacionais. A expectativa é que esses documentos sirvam de base para o posicionamento oficial das juventudes amazônicas na COP 30 em novembro de 2025.

O Instituto Cojovem

Criada em 2020, a Cojovem (Cooperação da Juventude Amazônida para o Desenvolvimento Sustentável) é uma organização da sociedade civil. Sua missão é atuar pela garantia dos direitos socioambientais das juventudes amazônidas por meio de advocacy, pesquisa e formação, visando o fortalecimento de territórios resilientes e sustentáveis.

A organização tem atuado de forma influente nas negociações internacionais das Nações Unidas. Nos últimos três anos, marcou presença nas três últimas COPs do clima (Egito, Emirados Árabes e Azerbaijão), além da Conferência de Bonn (Alemanha), da COP sobre Biodiversidade (Colômbia) e da Conferência Climática Regional de Juventudes Latino-americanas (Belém, 2024).

Em junho de 2024, a Cojovem promoveu a Cúpula de Jovens Líderes do Pará, um evento pré-COP 30, focando no combate à fome, mudanças climáticas e reforma da governança global.

Conheça as lideranças da cúpula

A Cúpula conta com 27 jovens líderes de diversos perfis e formações, incluindo ativistas, jornalistas, pesquisadores, advogados e estudantes:

Marcos Melo (31): Estrategista de comunicação, gerente de campanhas na All Out e cofundador da Actum Brazil. Acreano, bacharel em Direito e pós-graduado em Relações Internacionais.
Hellen Lirtêz (25): Jornalista acreana, ativista afro-indígena e pesquisadora de racismo ambiental. Colaboradora da Amazônia Real e vencedora do Troféu Tim Lopes – Revelação do Ano (2024).
Felipe Storch (31): Mestre em Gestão Ambiental pela Yale, atuou como bolsista do G20 no MMA e é membro do Painel Consultivo Jovem do Painel Científico para a Amazônia.
Quéren Hapuque (20): Presidente do Girl Up Amazônidas e ativista pela educação e juventude.
Paixão Irlan (30): Comunicadora, artista multilinguagens e transativista, atua em pautas ambientais e climáticas.
Victoria Quadros (28): Internacionalista do Amapá, com atuação na TETO e em fortalecimento de organizações sociais.
Jarê Aikyry (26): Biólogo e diretor executivo do Engajamundo. Coordena o coletivo indígena LGBTQIA+ Miriã Mahsã.
Raquel Karina (32): Licenciada em Letras, conselheira de juventude no CEPIR-AM, cofundadora do Coletivo Ponta de Lança e organizadora do Festival Afro-ameríndio.
Ruan Bentes (18): Estudante de Economia e ativista pela educação, juventude e clima. Porta-voz da Juventude em Rede Amazonas e diretor de Meio Ambiente da UNE.
Kelly Araújo (32): Quilombola do Maranhão, mestra em História e educadora popular. Atua na gestão pública para territórios tradicionais.
Tel Guajajara (25): Indígena Guajajara, estudante de Direito na UFPA.
Ana Luiza Luz (20): Quilombola do Maranhão, estudante de Relações Internacionais (UEMA).
Maura Palocio (26): Cientista e ativista socioambiental pantaneira. Representa o bioma na COP 30.
Vinicius Matheus (21): Ativista socioambiental e cofundador do Coletivo CapiClima.
Pedro Dias (25): Advogado e especialista em Direitos Humanos e Direito Ambiental.
Wendelo Silva (30): Engenheiro Florestal e doutor em Botânica. Coordenador socioambiental do ICMBio em Carajás.
Melissa Gabriela (27): Multiartivista paraense, cantora, produtora cultural e transativista.
Samara Borari (23): Indígena Borari, comunicadora e estudante de Biologia.
Renzo Mascote (26): Filósofo, pesquisador e Jovem Embaixador do Clima pela Climate Reality.
Bianca Galvão (25): Advogada e mestranda em Filosofia (UNIR).
Wilians Santana (27): Agricultor familiar em transição agroecológica, sindicalista e ativista LGBTQIAPN+ do campo.
Oyniin Suruí (22): Jovem comunicador indígena e ativista.
Uédem Lima (22): Indígena Macuxi de Roraima, fundador do projeto Macuxi em Movimento.
Reginaldo Cruz (33): Liderança indígena que defende a sabedoria ancestral.
Yano Rodrigues (24): Presidente do Conselho Estadual de Juventude de Roraima.
Vitor Rodrigues (25): Jornalista e comunicador do Tocantins.
Lara Thifanny (23): Jovem agricultora familiar de Augustinópolis (TO).
Dyha (24): Jovem indígena Karajá, liderança em formação.