Com o início de dezembro, anualmente é lançada uma das principais campanhas de saúde pública no Brasil: o Dezembro Vermelho. Esta iniciativa é totalmente dedicada ao enfrentamento do HIV, da Aids e das Infecções Sexualmente Transmissíveis (ISTs). Durante todo o mês, instituições e profissionais de saúde se mobilizam para ampliar a informação, fortalecer as ações de prevenção e garantir uma assistência de saúde completa e integral às pessoas que vivem com HIV.
Segundo a enfermeira Cissa Cardoso, mestre em Educação, especialista em Saúde da População LGBTQIA+ e professora do curso de Enfermagem da Estácio, a campanha é vista como um compromisso social com o cuidado em saúde.
“É um período em que reforçamos que a prevenção, a testagem e o tratamento são pilares fundamentais e que tudo isso é oferecido gratuitamente pelo Sistema Único de Saúde (SUS). Informação clara, acolhimento e respeito são essenciais para reduzir novas infecções e garantir qualidade de vida”, explica a especialista.
Acesso facilitado ao diagnóstico e tratamento
Cissa Cardoso ressalta que todas as Unidades Básicas de Saúde (UBS) do país oferecem gratuitamente o teste rápido para HIV. O procedimento é indolor, realizado de forma sigilosa e com resultado imediato.
“Em poucos minutos, a pessoa sai da unidade com a resposta e com orientações adequadas. É uma ferramenta acessível, ágil e extremamente importante para o diagnóstico precoce”, afirma a enfermeira.
O Brasil mantém uma das estruturas de cuidado mais robustas do mundo no combate ao HIV, oferecendo testagem rápida, distribuição de preservativos, acompanhamento clínico contínuo e acesso universal e gratuito aos antirretrovirais. Além disso, a ciência avançou e possibilitou ferramentas inovadoras como a Profilaxia Pré-Exposição (PrEP) e a Profilaxia Pós-Exposição (PEP), que ampliaram significativamente as possibilidades de prevenção.
Indetectável é igual a intransmissível (I=I)
A ciência trouxe avanços importantes que transformaram o paradigma do HIV. Atualmente, sabe-se que pessoas que estão em tratamento contínuo e mantêm a carga viral indetectável no sangue não transmitem o vírus sexualmente.
“A ciência evoluiu. Hoje sabemos que pessoas em tratamento, com carga viral indetectável, não transmitem o vírus. O conceito ‘Indetectável = Intransmissível’ (I=I) mudou paradigmas e ampliou a esperança”, destaca Cissa Cardoso.
O combate ao estigma e a prevenção combinada
Apesar de todos os avanços científicos e estruturais, a enfermeira enfatiza a necessidade contínua de combater a desinformação e, principalmente, o estigma social relacionado ao HIV.
“Muitas pessoas deixam de realizar o teste por medo ou preconceito. Precisamos falar sobre HIV com seriedade e empatia. O tabu não salva vidas; a informação, sim”, pontua a especialista.
A profissional reforça que o SUS continua sendo a porta de entrada segura e eficiente para prevenção, diagnóstico e cuidado. Ela destaca a importância da prevenção combinada, que integra diferentes estratégias baseadas em direitos e evidências científicas.
“Cada pessoa tem uma forma de cuidar da própria saúde. O importante é saber que existe suporte, orientação e tratamento disponíveis para todos”, conclui.
Para finalizar, a especialista deixa uma sugestão essencial:
“Procure uma unidade de saúde, faça o teste e converse com um profissional. O Dezembro Vermelho nos lembra que cuidar é um ato de responsabilidade e amor. Informação é a maior aliada de uma sociedade mais saudável”.
