
Os secretários de Meio Ambiente do Estado do Amazonas e da Prefeitura de Manaus, Eduardo Taveira e Fransuá Matos, respectivamente, avaliam que Belém deve continuar como sede da 30ª Conferência das Partes (COP-30) marcada para novembro. Várias delegações estrangeiras pressionam para a mudança de local. Essa semana tornaram públicas reclamações sobre os elevados preços de hospedagens na capital paraense por meio do embaixador André Corrêa do Lago, presidente da COP-30.
“Todas as autoridades que participarão do evento estão cientes que os preços de hospedagem estão altos na região. O que sabemos também é que a coordenação do evento está procurando alternativas mais econômicas para as delegações, como por exemplo, o uso de navios de cruzeiro como hotéis nos portos da capital”, disse Fransuá.
O secretário municipal também afirmou que não vê “nenhuma possibilidade de transferir a sede da conferência” de Belém para outro lugar e que se há qualquer tipo de pressão, será “infrutífera, até mesmo pela proximidade do evento e os valores já gastos na organização”.
Já o secretário estadual Eduardo Taveira também afirmou que não recebeu informações sobre qualquer mudança na sede da COP-30. Questionado se a cidade de Manaus poderia ser uma alternativa, disse que tampouco recebeu “qualquer sinalização” a esse respeito.
“Não existe ‘candidatura’ para a COP. A indicação é feita pelo Itamaraty e aprovada na COP anterior pelos países membros da ONU/UFCCC [Convenção-Quadro das Nações Unidas sobre a Mudança do Clima da Organização das Nações Unidas]”, completou.
Segundo o secretário, “toda programação nossa segue em curso para a participação da COP em Belém”.
O evento espera receber mais de 40 mil pessoas na cidade, incluindo brasileiros e estrangeiros.
Insatisfação
Nessa quinta-feira, André Corrêa do Lago, presidente da COP-30, afirmou que se tornou público “que diversos países do grupo que faz parte da administração da convenção” estavam preocupados com os preços praticados pelos hotéis e que vários representantes chegaram a pedir para tirar a COP da capital paraense.
“[Há] uma sensação de revolta, sobretudo por parte dos países em desenvolvimento, que estão dizendo que não poderão vir à COP por causa dos preços extorsivos que estão sendo cobrados. Talvez os hotéis não estejam se dando conta da crise que estão provocando”, disse.
O embaixador afirmou que, em edições anteriores, as cidades que sediaram a COP viram os preços das hospedagens crescer até o triplo do valor normal. Em Belém, os preços estariam dez vezes acima do praticado rotineiramente. O caso levou pelo menos 25 países a enviar uma carta solicitando a mudança da sede.
Nesta sexta-feira, a Secretaria Extraordinária para a COP-30, ligada à Casa Civil do governo federal, divulgou nota afirmando que tanto a gestão nacional quanto o governo do Pará firmaram compromisso de oferecer hospedagem “inclusiva e acessível” para as delegações que participarão do evento entre 10 e 21 de novembro.
“O plano de acomodação está sendo implementado em fases, com prioridade, nesta etapa, para as delegações que participarão diretamente das negociações oficiais da COP30. Atualmente, estão disponíveis 2.500 quartos individuais com tarifas fixadas entre US$ 100 (R$ 554) e US$ 600 (R$ 3.327)”, afirmou a Secop.
Na tarde desta sexta-feira, André Corrêa do Lago foi à imprensa para reafirmar que a COP-30 será em Belém e descartou qualquer plano alternativo. A CEO da COP-30, Ana Toni, seguiu a mesma linha e disse acreditar “que tem maneiras de solução” para os preços praticados na cidade.