A Secretaria Municipal de Saúde (Semsa) de Manaus continua a registrar a maior concentração de Infecções Sexualmente Transmissíveis (ISTs) entre os jovens. Dados recentes demonstram um cenário preocupante:
-
HIV (Vírus da Imunodeficiência Humana): Entre janeiro e novembro deste ano, 66,79% dos 1.298 registros de HIV ocorreram em pessoas na faixa etária de 20 a 39 anos.
-
Sífilis: Até outubro, 22,4% dos 2.479 casos notificados foram em adolescentes de 10 a 19 anos, e 63,7% em adultos de 20 a 39 anos.
O aumento de casos nessa população está majoritariamente associado ao baixo acesso a informações corretas, à menor percepção dos riscos envolvidos e ao início cada vez mais precoce da vida sexual.
Por essa razão, a campanha Dezembro Vermelho, focada na conscientização sobre as ISTs, é crucial. Ela visa reforçar a importância da prevenção e ampliar o acesso a orientações seguras e serviços de saúde para o público jovem e a população em geral.
Estratégias essenciais de prevenção e cuidado
A principal e mais eficaz forma de prevenção contra a maioria das ISTs é o uso consistente do preservativo (seja ele masculino ou feminino) em todas as relações sexuais.
Além disso, outras medidas são vitais para a proteção individual e coletiva:
-
Vacinação em dia: Manter o calendário vacinal atualizado contra doenças que possuem imunizantes, como as hepatites B e o HPV (Papilomavírus Humano).
-
Testagem regular: A recomendação padrão é que a testagem para ISTs seja realizada pelo menos uma vez por ano, ou sempre que houver suspeita ou exposição de risco.
A farmacêutica Rosenara Queiroz de Souza Yoshii, da rede Santo Remédio, explica a facilidade do processo: “Os testes de HIV e sífilis são realizados por meio de uma coleta de sangue com punção na ponta do dedo. O ponto positivo é que, além de ser um procedimento simples, o resultado fica pronto em 20 minutos.”
Acessibilidade da testagem em farmácias
A rede Santo Remédio é um exemplo de como os serviços de prevenção e testagem para ISTs se tornaram mais acessíveis, especialmente para os jovens. A realização dos exames nas principais unidades da farmácia não exige marcação prévia de consultas, facilitando o acesso rápido e discreto.
Esse movimento evidencia que drogarias e farmácias, que tradicionalmente se concentram na dispensa de medicamentos, podem e devem ocupar o espaço de acolhimento, escuta e provisão de serviços de saúde.
Rosenara destaca o papel da equipe: os farmacêuticos que realizam os testes na Santo Remédio são devidamente habilitados e orientados a atender os pacientes com total discrição e empatia. Há, inclusive, um protocolo para dar seguimento aos atendimentos em casos de resultado positivo.
-
Procedimento em caso positivo: “Quando o resultado é positivo, o teste é realizado novamente. Se continuar o mesmo, o paciente é orientado a procurar um atendimento especializado para confirmação do diagnóstico por meio de exame sorológico (com uma amostra maior de sangue) e início do tratamento”, afirma.
A farmacêutica lembra também que o principal meio de prevenção, o preservativo, é disponibilizado de forma acessível aos clientes, geralmente em gôndolas centrais, aumentando a privacidade no momento da compra.
O papel da conscientização na campanha Dezembro Vermelho
Como parte dos esforços do Dezembro Vermelho para conscientizar a população, a Santo Remédio lançou uma campanha informativa em suas redes sociais e unidades. O objetivo é reforçar a importância da prevenção e da testagem.
Segundo o coordenador de marketing, Rubens Bentes, a campanha inclui: “Vamos disponibilizar informativos, fazer postagens em nossas páginas e enviar alertas aos clientes cadastrados, incentivando a prevenção e a realização de testes.”
A campanha Dezembro Vermelho foi instituída no Brasil pela Lei n.º 13.504/2017. Inicialmente focada no enfrentamento ao HIV/Aids, a data foi expandida para incluir outras ISTs relevantes, como a sífilis e as hepatites B e C, gerando uma mobilização nacional.
É fundamental ressaltar que muitas dessas infecções são tratáveis. Pacientes podem alcançar a cura, como é o caso da sífilis, ou conviver com a infecção de forma controlada, como no caso do HIV. Dados do Ministério da Saúde (MS) mostram o sucesso do tratamento antirretroviral no Brasil: 92% das pessoas em tratamento para HIV já atingiram o estágio de estarem “indetectáveis”, o que significa que não manifestam os sintomas da Aids e não transmitem mais o vírus.
